segunda-feira, abril 24

[Património] - Rua do Remechido, S.Bartolomeu de Messines





Rua do Remechido - São Bartolomeu de Messines

quarta-feira, abril 19

[Livros] - Memórias dos desatrosos acontecimentos de Albufeira


Este pequeno, grande livro, é no fundo um relato, na primeira pessoa, de um dos episódios mais sangrentos da História recente do Algarve. O cerco e invasão a Albufeira, por parte de Guerrilheiros Miguelistas, em Julho de 1833.

Aqui fica parte do prefácio:

"Com a reedição do texto que se segue, a que até agora só tinham acesso os investigadores que se debruçam sobre a rica, complexa e assaz fascinante primeira metade do séc XIX, tão importante na construção do Portugal Contemporâneo, tem o leitor a possibilidade de colher o testemunho de acontecimentos que - se bem que localizados no tempo e no espaço - evidenciam toda a dimensão e a violência dos antagonismos que então opuseram Portugueses, estratos sociais, visões do mundo, projectos politicos e culturais.
Como é explicado nas notas introdutórias que mantivemos da primeira edição (Lagos, Tipografia Lacobrigense, 1873), o autor desta Memória teria sido Francisco António da Silva Cabrita, eclesiástico e personagem influente de Albufeira, que, em Julho de 1833, isto é, em plena guerra civil que ensaguentava o País, se veria chamado a desempenhar um papel central aquando do assalto e ocupação por Guerrilhas Miguelistas.
De assinalar, desde logo, que não tendo nós acesso ao manuscrito - cujo paradeiro desconhecemos - não se pôde detectar até que ponto o diligente editor da versão que em 1873 foi dada à estampa, alterou o original, movido pela preocupação de não "ferir susceptibilidades de pessoas" que ainda existiam nessa altura, protagonistas dos eventos descritos ou seus descendentes...()"
Fernando Pereira Marques
Título: Memória dos Desastrosos Acontecimentos de Albufeira
Autor: Francisco António da Silva Cabrita
Edição Original: Lagos - Tipografia Lacobrigense, 1873
Reedição: Publicações Alfa, S.A., Lisboa 1990
Prefácio e notas: Fernando Pereira Marques

segunda-feira, abril 17

O Projecto Remexido - Feedback

Saudações a todos os internautas/pesquisadores ou curiosos da História do Algarve e Portugal:

O Projecto Remexido está de parabéns, o feedback que temos recebido motiva-nos mais e mais, cada dia que passa. Temos sido contactados permanentemente por estudantes, pais de alunos, descendentes de José Reis, e meros curiosos, que como nós, não se contentam com o que a História oficial nos ensina. Temos disponibilizado materiais e colaborado no que podemos, e sempre que podemos.
Nunca esperámos tanta afluência em tão curto espaço de tempo, e pouco temos feito no que toca á divulgação do projecto.
Não é novidade para ninguém que a História pende frequentemente para o lado do mais forte, do vencedor, e como alguém disse uma dia, "não existem factos, mas sim, interpretação de factos"....
Se és estudante, historiador, autodidacta (como o vosso anfitrião) devemos todos trabalhar, juntos, para a dignificação da memória de alguém, que independentemente da posição política/ideológica que tomou, manteve sempre a perspectiva do povo, e desde cedo, trabalhou com a comunidade, na comunidade; e quando o sistema e a região em que vivia foi "atacado" por ideais liberais/maçónicos, nomeadamente pilhagens e destruição de património da "Santa Igreja"; e respondendo ao apelo de D.Miguel, na célebre Proclamação, José Reis, o Remexido ergueu armas e manteve a guerra acesa por todo o Sul de Portugal, durante anos, organizando emboscadas aos correios e malapostas, atacando povoações e mesmo ás principais cidades, então bem guarnecidas e defendidas permanentemente por soldados fiéis á Rainha. É de salientar o apoio popular de que os Guerrilheiros do Remexido e do Camacho dispunham na Serra Algarvia, e, "como refere Raul Brandão, nos finais do século XIX, nas famílias rurais do Algarve, o retrato do Remexido ainda estava pendurado, ao lado, aliás, do de João de Deus."
E já estava a fugir ao assunto (parece que é de família)…
Começamos a sentir que a memória colectiva não se satisfaz com os ensinamentos oficiais, e queremos agora (e é o objectivo deste balanço trimestral) solicitar-vos nós, apoio.
A todos os que tenham informações sobre este período tão conturbado da história Algarvia e nacional, por favor continuem a colaborar connosco, enviando-nos dados, links, nomes a completar na árvores genealógica, imagens, referências bibliográficas, enfim, tudo o que considerem relevante e que possa preencher mais e melhor, os conteúdos deste site.
Juntos, podemos desmistificar José Reis e as guerrilhas do Sul, e criar na Internet, um espaço que possa ser utilizado por todos aqueles, que nos anos vindouros, necessitem pesquisar e ter acesso a informação, e poderem tirar as suas próprias conclusões.
Informamos, que está para breve a aquisição de um site.org, o qual passará a ser o portal do remexido/remechido. Já obtivemos um pequeno patrocínio para a compra do website, que a médio prazo apresentaremos aqui no Homem da Serra.

Aqui ficam os nossos sinceros agradecimentos e todos os leitores e visitantes. Muito obrigado e continuem a colaborar neste projecto, que também é vosso.


zrbtn@hotmail.com
Mamede

sexta-feira, abril 14

"O nosso último dever com a história é voltar a escrevê-la."

Oscar Wilde, in "Citações"



quarta-feira, abril 5

[Livros] - A Guerrilha do Remexido, de António do Canto Machado e António Monteiro Cardoso


Esta é sem dúvida, a melhor publicação sobre o Remexido que encontrámos até hoje.
Contém gráficos, mapas, um apêndice documental de 200 páginas e ainda referências bibliográficas suficientes para esclarecer quem esteja agora a debruçar-se sobre o período mais fascinante da História recente do Algarve.




"A figura de José Joaquim de Sousa Reis, conhecido pela alcunha de Remexido, suscitou grande repercussão, merecendo abundantes referências jornalisticas, literárias e históricas, que primam na quase totalidade pelo seu pendor apaixonado.
Encarado por uns como herói romântico, que tudo sacrificou ao serviço da causa de D.Miguel, foi por outros considerado como chefe cruel de bandos de salteadores, que desde 1833 ensaguentaram o Algarve com as suas atrocidades.
Atraído pelas dramáticas vicissitudes da sua vida, também Camilo lhe dedicou algumas páginas num dos seus mais notáveis romances, A Brasileira de Prazins.
A presente obra debruça-se, de forma empolgante, sobre uma das mais combativas guerrilhas Miguelistas, abrindo clareiras de luz no nevoeiro espesso que ainda envolve a nossa História do século passado."

In "A Guerrilha do Remexido"


Aqui ficam detalhes que dão uma visão geral sobre este livro, assim como o link para o comprar, online.



Titulo: A Guerrilha do Remexido
Autores: António do Canto Machado e António Monteiro Cardoso
Editora: Europa América (estudos e Documentos nº175)




- Índice -
Cap1 - A luta civil no Algarve (1826-1834)
  1. O levantamento Absolutista de 1826
  2. A revolta liberal de 1828 ( a atitude da burguesia e a reacção popular)
  3. As operações militares de 1833-1834 (a guerra dos camponeses contra as cidades)

Cap2 - Origens da reactivação das guerrilhas Miguelistas

Cap3 - A guerrilha Miguelista do sul do país (1836-1840)

  1. A recativação da luta sobre o comando do Remexido
  2. A ofensiva de 1838
  3. Colapso e bandoleirização da guerrilha

Cap4 - Composição social da guerrilha

Cap5 - Organização da guerrilha

Cap6 - Objectivos de luta

Apêndice Documental

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Link para comprar este livro (á cobrança por ctt)

http://www.somlivre.pt/loja/viewItem.asp?idProduct=117931

Algumas Imagens de José Reis





segunda-feira, abril 3

O Projecto Remexido


Esta iniciativa, que pouco a pouco vai dando os seus frutos, prima-se pela divulgação e acesso a informação que imortalize os acontecimentos, que marcaram Portugal do séc.19.

Se de nós parte esta iniciativa, sem vós não seria possivel.

Se tiver alguma informação que possa acrescentar á existente neste website, se pode completar referência em falta (livros, documentos), ou se é descendente de José Reis, comunique connosco e colabore.

De momento estas são as 4 actividades que desenvolvemos e apoiamos:


  • Árvore Genealógica de José Joaquim de Sousa Reis;
  • Base de dados virtual de referências a José Reis;
  • Investigação para um documentário sobre a vida do Caudilho;
  • Pesquisa e revisão das informações existentes na internet;

Se acha que pode colaborar em algumas destas actividades, mande-nos um mail para osfilhosdoremexido@sapo.pt

Obrigado

[Livros] - Um trono para dois irmãos



Temos recebido bastantes e-mails de estudantes e pais de alunos, que nos pedem ajuda para trabalhos escolares, pois a internet escasseia de informação sobre José Reis, o Remexido.

Colaboramos sempre que podemos, pois este é o objectivo principal deste projecto.

Esta publicação (cuja colecção dispensa apresentações), é destinada aos mais jovens, e pode ser uma "iniciação", ao estudo dos acontecimentos que tanto marcaram o Algarve e Portugal.

Obrigado a todos...e...continuem a colaborar!




Um Trono para Dois Irmãos
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Ilustrações de Arlindo Fagundes
Editorial Caminho

Colecção «Viagens no Tempo», n.º 11220 pp.
Preço: 8,40

Resumo/apresentação:
Os príncipes D. Pedro e D. Miguel são irmãos e disputam o trono de Portugal.
A cidade do Porto é fiel a D. Pedro mas encontra-se cercada pelas tropas de D. Miguel. Ninguém entra, ninguém sai, as lutas prolongam-se sem vencidos nem vencedores. E a morte espreita mesmo fora dos campos de batalha porque faltam mantimentos.
Em certas zonas já há quem coma ratos e outros bichos nojentos. No entanto, os homens não se rendem.
Ana, Orlando e João caem da máquina do tempo numa zona onde a guerra está ao rubro... Para escapar às balas juntam-se a um médico que anda a recolher feridos na sua charrete. Assim, são obrigadas a tomar partido.


Link para a página original e compra online do livro:
http://www.uma-aventura.pt/bibliografia/fichalivro/viagens_11.htm


Excerto do livro: «De cólera continuou a morrer muita gente, mas por incrível que pareça, os que pernoitaram no convento salvaram-se quase todos! Outro perigo espreitava, porém, nos esconderijos da serra. — Temos que ter cuidado — advertiram os capitães. — Anda por aí um bando perigosíssimo que ataca pela calada da noite. Fazem verdadeiras razias e depois desaparecem sem deixar rasto. O chefe é um tal Remexido. Nas aldeias basta ouvirem-lhe o nome para se irem fechar em casa a tremer de medo. — Sabe o que me contaram do Remexido, capitão? Dizem que pode estar três dias e três noites sem comida de gente. Não perde a força porque mastiga umas certas raízes que só ele conhece. — Isso fazia-nos jeito para rações de combate — brincou o capitão. — Se o encontrarmos havemos de o convencer a revelar o segredo. — Nem a tiro. O Remexido é fanático por D. Miguel. Até lhe digo mais. Se por azar o tipo anda aí à espreita e vê as nossas fitas azuis e brancas, estamos fritos. — Tens medo? — Falei só para a gente se precaver. Não tenho medo nenhum. O movimento da cabeça e os olhares furtivos na direcção das moitas mais cerradas indicavam que mentia, o que neste caso só lhe ficava bem. Um soldado não pode dar parte de fraco, senão perde a coragem e desanima os companheiros. Não era no entanto de espantar que ele e os outros percorressem os caminhos íngremes da serra algarvia com receio de serem surpreendidos pelo bando do Remexido. Havia quem dissesse que eram só vinte ou trinta, mas também havia quem garantisse que eram mais de mil. E contava-se que faziam verdadeiras loucuras! Cada restolhada punha-os em sobressalto, o mínimo ruído parecia-lhes suspeito.»

(in Um Trono para Dois Irmãos, pp. 117-118)